Sobre mim
Bem, eu até me esforço mas não consigo contar sobre mim sem mencionar que tenho Diabetes tipo 1. Meu disgnóstico foi quando eu tinha 10, quase 11 anos de idade. Idade escolar e desafios reais porém desconhecidos já que eu e minha familia não tivemos orientações e educação em diabetes na época. Na escola os professores e equipe escolar também não, o que colocou minha vida em risco algumas vezes.
Atualmente temos acesso à internet, informação atualizada e podemos criar redes de apoio de maneira efetiva e transformadora. Compartilhar experiências e vivências; aprender, amadurecer, julgar menos e ajudar mais.
Eu tive professores MARAVILHOSOS na minha infência e adolescencia e sei que, na época, se eles ao menos soubessem onde buscar informações, ou como orientar a mim e minha família para buscar ajuda, eles o teriam feito e isso teria feito grande diferença. Estou aqui porque acredito que os professores de hoje também, se souberem onde há informação confiável, também poderão fazer bom uso, aprender e compartilhar.
Amo a educação. Eu iniciei no curso de magistério aos 14 anos mas não conclui. Eu amava o CEFAM e tenho amigas daquela época até hoje que amo admiro demais. Era um curso de período integral e eu tive muitas dificuldades que, na época eu não conseguia compreender o que eram. relacionadas as minhas alterações de glicemia. Eu se quer sabia reconhecer ou corrigir uma hipoglicemia. Ao olhar para traz eu mal consigo acreditar quanto tempo passei sem ter um glicosimetro . Não sei nem dizer como era possível porque minha vida hoje é tão diferente que eu me assombro com isso. Simplesmente não posso ficar sem medir a glicemia, por exemplo, preciso dessa informação para tomar decisões que me mantenham bem. E me assombro porque em pleno 2022 ainda há muitas pessoas, familias, escolas, que não sabem, ou não entendem, a relevância de questões fundamentais na rotina de uma pessoa com DM1 para que esteja segura e bem (não apenas aparentemente bem).
O fato é que eu não me formei no magistério mas após sobreviver a uma complicação do diabetes em 2004 e ter acesso a educação em DM eu decidi e pude me dedicar a aprender e fazer o que eu posso e preciso tendo diabetes, além de muitos sonhos e vontade de fazer a diferença.
Hoje ou Nutricionista pelo Centro Universitário São Camilo e Educadora em Diabetes pela SBD, IDF, para aprender e educar em saúde e autonomia na convivência com o diabetes. Sou esposa, mãe de duas crianças em idade escolar, que tem inclusive colegas de sala com DM1, e sei que o que eles sabem sobre o assunto fazem a diferença no ambiente escolar também.
E quanto a escola, acredito que faz parte do propósito da educação que ela seja útil e tranformadora para a vida, para a realidade dos alunos e das famílias. E o diabetes é uma realidade para cerca de 16,8 milhoes de brasileiros segundo a Federação Internacional de Diabetes (IDF,2021). Quem não tem diabetes, certamente conhece alguém que tem e que precisa de apoio e EDUCAÇÃO.
É mais que preciso ensinar, desmistificar, apoiar, aprender e acolher sobre esse tema onde for possível. É preciso e possível prevenir situações de emergência e de complicações de saúde relacionadas ao DM1. Eu sei que é e a escola pode ajudar.
Isso não é sobre mim, embora seja sobre algo que faz parte da minha vida, mas não só da minha. Também não é apenas sobre o que é possível aprender e ensinar dentro das instituições educacionais mas sim sobre criar oportunidades de educação em saúde e diabetes.
Obrigada por estar aqui. Desejo de coração que os materiais, as discussões sejam úteis e que você possa compartilhar com a mesma satisfação que eu sinto em colaborar.
Fique à vontade para interagir, perguntar, comentar, contar sobre sua história e experiência também. Me ajude a construir uma rede social educadora. ;-)
Bom aprendizado e ótimas glicemias,
com carinho,
Ana
Ana Paula Porto
Nutricionista Educadora em Diabetes
CRN3 33213